TV 3.0: O que já sabemos sobre a TV do futuro?
A TV que conhecemos completa 74 anos neste ano no Brasil. Seu início comercial foi em 18 de setembro de 1950, com a inauguração da TV Tupi em São Paulo. O rádio, que até então era predominante, teve que dividir espaço com uma nova forma consumir conteúdo: som e imagem.
De lá para cá, ocorreram mudanças significativas e históricas, principalmente com a chegada da internet. Logo, a televisão que passou a predominar as residências brasileiras por várias décadas, também teve que ceder espaço a novas formas de consumo, tais como os conteúdos sob demanda – popularmente conhecidos como os streamings: Netflix, GloboPlay, Amazon, Apple TV e afins.
A fim de evitar a obsolescência e buscando sempre formas de inovar na entrega de entretenimento e informação aos telespectadores, surge a TV 3.0, já conhecida como a TV interativa. A novidade é foco das principais emissoras do país, e promete ter início em 2025.
Leia também:
Matriz Esforço x Impacto: 4 benefícios na priorização de tarefas e projetos
Tecnologia na Logística: 5 desafios, tendências e o futuro do setor
Neste artigo, vamos te contar tudo o que já sabemos sobre a TV 3.0, quais são as expectativas de mudanças, além de relembrar um pouco do histórico da nossa querida televisão.
Confira a seguir:
TV 3.0: O que temos até o momento?
De acordo com informações da Agência Brasil, Juscelino Filho, o atual Ministro das Comunicações, antecipou o anúncio da TV digital para a TV 3.0, um novo padrão tecnológico, na última quarta-feira, 03 de abril de 2024. A promessa é que os telespectadores contem com maior qualidade de imagem e acesso mais fácil através da conectividade com a internet.
Dessa forma, a tradicional escolha de canais será substituída por aplicativos que oferecerão conteúdo de duas formas: ao vivo e sob demanda, com mais interatividade na navegação.
Ainda segundo o Ministro, a tecnologia da TV 3.0 contará com definições até o final deste ano.
Portanto, é previsto que a indústria se prepare para produzir equipamentos e conversores com o objetivo de firmar a integração da internet com os sinais abertos.
No entanto, a migração será gradativa, começando pelas grandes capitais brasileiras, onde o sinal estará inicialmente disponível.
Quais são os principais impactos da TV 3.0?
Publicidade
Luiz Carlos Abrahão, diretor de tecnologia da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a viabilização da publicidade direcionada será uma das principais características da TV 3.0.
Sendo assim, será possível segmentar e direcionar o conteúdo de acordo com a região de cada usuário, uma vez que a tecnologia de transmissão pelo ar permite a geolocalização.
A perspectiva é que a transmissão pelo ar seja a mesma da internet, utilizando tecnologias de transporte similares, como IP, afirma Luiz Fausto, coordenador do Fórum SBTVD.
“Também pretendemos incluir tecnologia que permita regionalização maior ao reutilizar o mesmo canal de TV em transmissores vizinhos que transmitem programações diferentes”, acrescenta o coordenador.
Isso implica afirmar que haverá uma substituição da publicidade tradicional por publicidade personalizada para cada usuário em função do perfil e da localização do telespectador.
No entanto, na transmissão pelo ar, Fausto explica que a grade linear de programação ainda existirá, na qual a publicidade tradicional é inserida.
Publicidade na TV 3.0: Como funcionará a metrificação?
Fausto e Abrahão enfatizam que as métricas e metodologias que analisam o impacto e a eficácia dos anúncios independem da tecnologia da TV 3.0.
Ou seja, continuará sendo possível coletar métricas de audiência tradicional, tais como as que são realizadas pelo People Meter do Kantar Ibope Media.
Nesse sentido, vale destacar que a Kantar Ibope Media se associou ao Fórum SBTVD a fim de acompanhar o desenvolvimento da tecnologia e ajudar a realizar os ajustes necessários nas formas de metrificação de audiência.
Além disso, Abrahão conta que novas métricas e novos métodos também poderão ser desenvolvidos, focando em usuários conectados à internet e identificados (logados) em aplicativos de TV/emissoras, por exemplo.
Quais serão os desafios dos anunciantes na TV 3.0?
Ainda que as métricas permaneçam praticamente as mesmas, a sobrecarga de informações e a alta concorrência serão grandes desafios para os anunciantes, pois terão que produzir anúncios cada vez mais relevantes e atraentes.
Ademais, os profissionais precisam continuar se atentando às questões de privacidade e ética, uma vez que devem estar em total conformidade com as regras da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).
Fausto, inclusive, alerta que dentre os principais desafios para o anunciante, destaca-se o próprio usuário, que pode optar por simplesmente não querer se identificar e compartilhar informações pessoais.
Impacto para as emissoras atuais
Com a mudança, estruturalmente, toda a população brasileira passará a ter o direito de receber transmissão de sinal 4K, que promove maior qualidade de som e imagem. Sendo assim, as emissoras estão autorizadas a produzir todos os seus respectivos materiais neste modelo.
O áudio também deve entrar como uma das melhorias na TV 3.0. Neste contexto, algumas emissoras estão com planos de implementação de áudio imersivo, como a TV Cultura, por exemplo. Só para ilustrar, o recurso já está disponível em alguns streamings.
Nelson Faria, o Diretor de Engenharia da TV Cultura explica que a nova geração da televisão terá uma navegação semelhante aos aplicativos on demand: “o espectador passa a trabalhar como se fosse em um app. A TV poderá ser acessada por dispositivos móveis para ser assistida. Desse modo, a audiência da TV aberta tende a aumentar.”
De acordo com Ana Eliza Faria e Silva, Gerente Sênior de Regulatório da Globo, a TV 3.0 é a oportunidade de ultrapassar barreiras entre internet e TV: “a chegada da TV 3.0 vai derrubar definitivamente as barreiras entre TV e a internet e abrirá oportunidade de levar essa audiência massiva para o ambiente digital, onde será possível entregar nos canais abertos todos os recursos típicos da internet, como segmentação, interatividade e recomendação de conteúdo”. (As declarações dos profissionais foram extraídas do Portal Meio e Mensagem).
Ana Eliza continua: “Como as ofertas estarão reunidas numa única experiência, ao se logar na TV, o usuário não terá acesso somente à programação linear. Ele entrará em todo o ecossistema de canais e plataformas Globo”.
Em meio ao processo de desenvolvimento, em 2022, a Globo começou a testar a experiência de TV 2.5. Dessa forma, os aparelhos conectados que contam com o ID Globo, recebem conteúdo e publicidade direcionados.
Da mesma forma, o Diretor-presidente da emissora, Paulo Marinho, revelou que o foco é na TV 3.0. Os testes devem se iniciar em 2025 para que o modelo esteja funcionando em 2026.
Breve histórico da TV
Conforme aponta dados da Pnad contínua, do IBGE, de 2021 a 2022, o número de domicílios com TV no Brasil aumentou de 69,6 milhões para 71,5 milhões. Por outro lado, a proporção de residências com TV reduziu de 95,5% para 94,4%. O acontecimento se sucedeu em todas as regiões, e a maior redução foi no Norte: de 90,7% em 2021 para 89,9% em 2022.
Em 2022, 65,5 milhões de residências contavam com a recepção de sinal analógico ou digital de TV aberta, equivalente a 91,6% do total de domicílios com TV no país.
Nesse recorte, 23,5% possuíam antena parabólica (digital ou analógica) com sinal aberto. Sob o mesmo ponto de vista, nas áreas rurais, esse percentual chegava a 54,8%, enquanto nas áreas urbanas chegava a 19,2%.
A Samba é pioneira em levar digitalização às emissoras
Eliminando um processo demorado e custoso relacionados ao envio, recebimento e digitalização dos comerciais, que chegavam até a sede da empresa através da entrega física de fitas Betamax, a Globo, através do produto desenvolvido pela Samba passou a receber os vídeos publicitários pela internet.
O processo que demorava horas e em alguns casos até mesmo dias, com um custo elevado da mídia física – devido à logística e compra das fitas – passou a ser realizado em minutos através de um sistema online que conectava as agências à emissora e seus canais.
Com segurança e agilidade, os canais Globo passaram a permitir os envios com até 1 hora de antecedência da exibição, fazendo com que eles pudessem ser mais rápidos do que a maioria dos veículos 100% digitais. O novo produto foi o precursor do novo padrão de envio de comerciais de agências para emissoras.
Uma revolução e uma transformação digital num processo que já durava mais de 50 anos.
Continuamos a acompanhar as tendências de mercado e apoiar nossos parceiros a se adaptarem às demandas de tecnologia que promovem competitividade e perenidade nos negócios. Prepare sua organização para liderar o mercado de amanhã: Entre em contato com um dos nossos especialistas.